Segunda, 29 de abril de 2024

(At 14,5-18; Sl 113B[115]; Jo 14,21-26) 5ª Semana da Páscoa.

“Quem acolheu os meus mandamentos e os observa, esse me ama. Ora, quem me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele” Jo 14,21.

“Em seu evangelho, João não fala só do amor que Jesus nos dedica, ele fala também do nosso amor a Jesus. Ser cristão significa, portanto, amar Jesus e estabelecer uma relação pessoal com ele. É um tema tipicamente joanino. Os sinóticos e Paulo não o conhecem. Os versículos 14,15-23 respondem à pergunta sobre a forma concreta que pode assumir essa nossa relação com Jesus. Amar Jesus significa observar os seus mandamentos ou as suas palavras. A palavra grega ‘terein’ quer dizer: conservar, respeitar, observar, cumprir. Tem também o sentido de meditar, contemplar. João nos convida a meditar sobre Jesus, a insinuar-nos em seu espírito, para assim nos tornarmos capazes de amar. Quem ama Jesus vive mais consciente, fica seguindo a luz. Isso terá reflexos também em nosso modo de vida. O novo comportamento encontra sua expressão no novo mandamento que João não se cansa de repetir: ‘Amai-vos uns aos outros!’. O mandamento do amor não é uma simples exigência moral que podemos cumprir por um ato de vontade. Trata-se antes do começo de um longo caminho de desenvolvimento no decorrer do qual desmascaremos e expulsamos aquele egocentrismo tão profundamente arraigado em nós, e então conseguimos entrar em contato com o nosso verdadeiro centro do qual brota o amor. A meta de nosso caminho de amadurecimento é o amor. Por meio de suas palavras e de seu exemplo, Jesus nos capacita para esse amor que não transforma só a nós mesmos, mas, pouco a pouco, também à sociedade humana” (Anselm Grüm – Jesus, porta para vida – Loyola).

Pe. João Bosco Vieira Leite

 

5º Domingo da Páscoa – Ano B

(At 9,26-31; Sl 21[22]; 1Jo 3,18-24; Jo 15,1-8)*

1. O Evangelho que acabamos de acompanhar nos remete ao ambiente da Última Ceia. Jesus exorta seus discípulos a permanecerem unidos a Ele como os ramos à videira.

2. Trata-se de uma parábola verdadeiramente significativa, porque expressa com grande eficiência que a vida cristã é Mistério de Comunhão com Jesus: “Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto, pois, sem mim, nada podeis fazer”.

3. É outra imagem que nos remete ao Israel do Antigo Testamento. Este foi muitas vezes comparado com a vinha fecunda, quando é fiel a Deus; mas se se afasta d’Ele, torna-se estéril, incapaz de produzir aquele ‘vinho que alegra o coração do homem’, conforme o salmo 104.

4. A Vinha verdadeira de Deus é Jesus que, com seu sacrifício de amor, nos oferece a salvação, nos abre caminho para fazermos parte desta Vinha. E do mesmo modo como Cristo permanece no amor de Deus Pai, assim também os discípulos sabiamente podados pela Palavra do Mestre tornam-se fecundos.

5. São Francisco de Sales escreve: “O ramo unido e vinculado ao tronco produz fruto não pela sua própria virtude, mas em virtude do cepo: pois bem, nós fomos unidos pela caridade ao nosso Redentor, como os membros à cabeça; eis por que motivo... as boas obras, haurindo o seu valor d’Ele, merecem a vida eterna”.

6. No dia do nosso batismo, a Igreja enxerta-nos como ramos no Mistério Pascal de Jesus, na sua própria Pessoa. Desta raiz nós recebemos a linfa preciosa para participar da vida divina. Como discípulos e discípulas, também nós, com a ajuda dos pastores da Igreja, crescemos na vinha do Senhor, vinculados pelo seu amor.

7. Para tudo isso, é indispensável permanecermos unidos a Jesus, dependermos d’Ele, porque sem Ele nada podemos fazer. Numa carta escrita a João, o Profeta, um monge que viveu no deserto de Gaza no século V, um fiel formula a seguinte pergunta: como é possível manter unidos a liberdade humana e o fato de nada podermos fazer sem Deus? Ele responde:

8. Se o homem inclina o seu coração para o bem, e pede ajuda a Deus, recebe a força necessária para realizar a própria obra. Por isso, a liberdade humana e o poder de Deus procedem juntos. Isto é possível, porque o bem provém do Senhor, mas ele é levado a cabo graças aos seus fiéis.

9. Assim podemos compreender, a partir do nosso Evangelho, que cada um de nós é um ramo, que só vive se fizer crescer cada dia na oração, na participação dos Sacramentos e na caridade a sua união com o Senhor.

10. E quem ama Jesus, videira verdadeira, produz frutos de fé para uma abundante vida espiritual. Supliquemos à Mãe de Deus e Senhora nossa, a fim de permanecermos solidamente enxertados em Jesus, e para que cada uma das nossas obras tenha n’Ele o seu início e a sua realização.

* Reflexão com base em texto de Bento XVI. 

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 27 de abril de 2024

(At 13,44-52; Sl 97[98]; Jo 14,7-14) 4ª Semana da Páscoa.

“Disse Filipe: ‘Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos basta!’” Jo 14,8.

“Como vimos nos evangelhos destes últimos dias, Jesus falou muitas vezes, aos discípulos, a respeito do Pai e das relações que unem ao Pai. A insistência de Jesus em tratar o tema do Pai suscitou em alguns deles o desejo de um conhecimento mais profundo e mais experimental do Pai e, assim, um deles, Filipe, pede a Jesus: ‘Senhor, mostra-nos o Pai’. Filipe e seus companheiros não tinham percebido que ‘aquele que me viu, viu também o Pai’ (v. 9). Em Jesus revela-se o Pai, suas palavras são as palavras do Pai, ele mesmo é a Palavra do Pai feita carne e suas obras são as obras do Pai e mostram que ele é do Pai. O Senhor queixou-se a Filipe de que ainda não o conhecera; os apóstolos, ainda na última ceia, estavam muito longe do conhecimento de Jesus Cristo, apesar de durante três anos terem sido doutrinados incansavelmente. Várias vezes deram motivo para que Jesus se queixasse de que não entediam. Você é motivo de pesar para o coração de Cristo? Talvez você tenha bastante tempo de vida cristã e não tenha penetrado ainda nos segredos íntimos do coração amantíssimo de Jesus. Talvez você tenha sido cristão desde a sua infância e venha recebendo os sacramentos com relativa frequência; mas, apesar de tudo isso, não chegou ainda ao conhecimento experimental religioso de uma vida de íntima união com Jesus, e suas relações com ele sejam pouco menos que simples formalidades” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

Pe. João Bosco Vieira Leite